terça-feira, 4 de dezembro de 2007



"y" multiplicado por 9.999.999 = Portugal


Sendo que "y" é a resposta. Todos os portugueses têm a resposta, todos têm, no seu discurso, a certeza que com eles tudo funcionaria "se fosse eu fazia assim e assim", é o discurso desde a política ao futebol passando pelas melhores formas de manter a mulher fechada em casa. A sorte de Portugal é que todos saberiam como, no poder, por isto a funcionar.

"O pior é deixá-los chegar ao poder, quando se sentem no poder ficam cegos déspotas, são capazes de criar regras até sobre a utilização da fotocopiadora do escritório. Vê-se quando conduzem, maníacos e tiranos, nenhum povo tem uma propensão tão grande para o abuso de poder. Por isso, e pelas ameijoas, gosto de viver em Portugal. Eles divertem-se, pequenos napoleões de merda." (Bolivar, 12 de Agosto de 1988)



Acidente trágico em Lisboa
Esta noite, numa rua de Lisboa, um trágico acidente tomou a vida de um homem ao volante, este homem aos olhos da sociedade achava-se um rapaz. Conduzia um veículo com aproximadamente dez anos e que poderia passar despercebido nas ruas caso não se soubesse quem o conduzia. Vestia uns all-star, velhos e usados demais para serem parte do estranho renascimento da marca, umas jeans levis e uma camisa aos quadrados. De acordo com as primeiras pessoas a chegar ao local do infeliz sinistro o rádio do carro ainda tocava uma cassete que reproduzia o "rise to your knees" dos meat puppets, segundo a redacção conseguiu apurar em exclusivo, a música era a "spit", não podendo ser possível confirmar, porque cá nenhum estagiário alguma vez fica e os novos só conhecem os 50 cent.
Há teorias que dizem ter sido um acidente provocado pelo facto desta vitima, estrela do primeiro reality show português, tentar acender um SG Ventil, mas o mais provável é ele ter, ao passar à porta do quarteto e ter descoberto que este fechou, tomado consciencia que o seu tempo havia terminado.
Na mochila militar de feira da ladra encontrada no banco de trás, dois filmes de Lars V. Trier e um dvd pirata de seinfeld pouco dizem sobre as últimas palavras da vitima. A única conclusão possível é que os anos 90 morreram sem deixar uma última palavra.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O direito ao arrependimento

Com uma bala na nuca e um cigarro ainda a pender no canto da boca: a imagem perfeita do arrependido.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007






Um mundo de fumo:



- Se fumar não é um direito, vejamos quais sobram. Proponho uma campanha estatal a favor do tabaco de forma a não reduzir a receita fiscal, a qual não é má:



- Usar cigarros como pauzinhos chineses quando for ao restaurante;



- Tapar o nariz quando estiver a sangrar;



- usar como tampão, pois claro, naquelas surpresas de verão que nenhuma mulher espera;



- Usar em subsituição das balas na próxima guerra (afinal, fumar mata);



- Usar como boia de salvação em caso de naufrágio (cigarros flutuam?);



- Arma de defesa pessoal? (afinal, de novo, fumar mata);



- pequenas construções com os maços, (já que estão lá por casa e não os pode usar experimente como Lego);





- E que tal, enfiá-los no ânus do idiota de fato governamental que diz que não é um direito; (não será altura de responsabilizar gente estupida pelas asneiras que diz, pode ser que larguem o microfone).
No fundo, no fundo, não acho que banir o fumo faça do mundo um sítio melhor. Sejamos honestos, a histeria é semelhante à da pessoa que vai presa por "forçar" uma menor de 15 anos a fazer-lhe sexo oral. (Levante a mão aquele que aos quinze anos ainda não sabia que não queria ter uma pila enfiada na boca).
Quanto ao fumo que se tem de aturar, não é assim tanto que nos mate, há sempre espaço para não fumadores no restaurante e há sempre restaurantes mais "limpos" que outros. (Já notaram como as mesas de não fumadores são sempre melhores que as de fumadores?).
Que o fumador provoca um dano irreparável de saúde porque amanhã precisará de cuidado médico, o dinheiro que gasta em tabaco e a carga fiscal que sofre é mais que suficiente para pagar a quimioterapia dele e de muitos em seu redor.
Deixemo-nos de manias pseudo-gringas. A America não é um exemplo, a America é apenas o país de terceiro mundo mais rico do planeta, mas não deixa de ser um país com uma estrutura social terceiro mundista. A America paga avultadas indemnizações porque não tem um sistema de segurança social em vigor, esse luxo pertence apenas aos países mais civilizados.
Que fumar faz mal, os fumadores sabem-no, que fumar é mau? Não pode ser, senão não havia fumadores.
Proibam essa merda do tabaco de uma vez por todas, ou deixem os gajos em paz. Mas chega de hipocrisias, chega de moralidades. E se o fumo vos incomoda, ponham dois cigarros nas narinas para não sentir nada, afinal, é para isso que os cigarros servem.



Fumar (não) é um direito


A partir de dia 01 de Janeiro entra em vigor a nova lei do tabaco. Boa sorte a todos. Com a habitual acutilancia legislativa fumar é proibido em sítios como bares e discotecas (excepto aquelas que têm uma área igual ou superior a quatro vezes o terreiro do paço onde será permitido fumar num espaço mais pequeno que o espaço de lavabos reservados para snifar coca), ou em locais de trabalho (de onde, certamente, um ministro fumador com gabinete próprio cumprirá a lei à risca).

Isso não é novidade, o que é assombroso é ouvir um secretário de estado qualquer na rádio, cujo nome tive o bom senso de não fixar, declarar alto e a bom som que fumar não é um direito.

Excelente escolha de palavras que me esclareceu o regime do tabaco. Afinal, aquilo que cresci a ver os meus pais fazer, (fumar entenda-se, pois não era uma familia estranha ou napolitana que me obrigasse a ver outras coisas), não era um direito deles, nem sequer um abuso do seu direito de fumadores atendendo à presença de fumadores passivos na casa (pois só abusa de um direito aquele que o tem), não, afinal seria qualquer outra coisa que o jornalista também não se lembrou de perguntar o que era. Pelo que só posso concluir que o Estado Português reserva para o tabaco em Portugal um regime de hipocrisia legal fenomenal, vejamos:


- O tabaco pode comprar-se.

- O tabaco pode vender-se.

- O tabaco pode ter-se.

- O tabaco pode, pasme-se o leitor, exibir-se em público.


- O tabaco contudo, não se pode fumar.


A nossa sorte é que numa sociedade tão devota às aparências como a nossa, certamente encontraremos utilidade para ele.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Recordo Hegel, funciona ainda melhor do que pensar no onze ínicial do Sporting na passada jornada para manter a minha mente longe, mas não consigo divagar, porque gosto de ti e quero estar ali contigo.
Assim, Hegel junta-se a nós, ali mesmo, na nossa intimidade. Quando estou dentro de ti, tu és a pessoa e eu sou o teu objecto, aquele através do qual te manifestas. Tu, pelo meu lado, como se de um espelho se tratasse, és o meu objecto e eu sou a pessoa que por ti manifesta a minha Ideia.
Assim revelamos à Natureza a Ideia, vêm como Hegel até nem é dificil.
bolivar Corp., concordam?

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Estou em Leiden. Leiden desperta o que ha de pior em mim:


"Hi Roelof,

Thanks a lot for letting me use your room, I'm sure you'll find it as you left. I had no trouble getting inn, although the top lock is reserved for the most observing kind of people (group in which I;m not included) and I never got to find out how you turn up the top lights, actually, that's a funny story:

After I arrived, late after dinner, bit tipsy and definitely tired, I tried to turn on the lights, couldn't, but was able to turn on the yellow light next to it. That was enough for me to get a glimpse of a room that I knew from before and enough for me to decide to turn on the lamp you have over the blue table, unfortunately, I'm, as you know, short for dutch standards (or any other standard north of paris) so I had to lean on the table. Just at the exact moment I was turning on the light, the table gave in, broke in half and I, desperate, held myself to the lamp which, of course, with my weight, fell too. Luckily the cable didn't hit me, and so I could recover my senses, and I'm still sure right now the fire which subsequently started only started because the cable hit the computer and short-fused somehow. In panic with the fire, I looked for a blanket, in short of one, I used one of your couch pillows (the one couch still not burning as the fire spread), I was...let's say, moderately successful and took out part of the fire, at least now only the books were burning and those were already too high for me to control with the second couch pillows (the first pillow used burned too, sorry to say). Anyway, I rushed to the kitchen and took one of your cooking pots, the one on top of the wooden speaker which, now when I think back, did in fact fell when I hit it in my desperation for catching the cooking pan, well, problem is, when I got back with water in the cooking pan the wood of the speaker was burning already, I picked it up, trying to prevent the fire of spreading to the other side of the room and threw it out of the window, the glass wasn't very thick, so you can relax, it broke immediately as the speaker went out the window. All a bit for nothing because your beautiful ceiling fan spread the fire all over the room anyway just before falling down. The water in the cooking pan was however successfully used on your dvd player and stereo, so besides some fuses and wires sticking out it looks brand new.
Besides that, everything looks normal, except for the fridge that, after the fire and having water tossed on top of it just doesn't seem to work. (it's a bit odd, Bosch appliances usually work well, are you sure the guarantee is over?).

So, thanks a lot for letting me use your house, I won't leave the keys were you requested because, well, there's no door so what the point?

ciao,

Amadeo Aosta,



P.S. Was able to save your IRS papers...ahahaha, kidding, all your official papers were burned with your books"



domingo, 11 de novembro de 2007




Teorias Bolivar


Esta semana, enquanto comiamos algo rapidamente atrasados para o concerto de Interpol, pergunta-me uma lindíssima mulher, batida como todas nos meandros do amor: "Porque é que os homens, e falo de uns que até parecem sérios, têm a namorada e não resistem a dormir com outras?"


Enrascado, pois o código de conduta de homem impede-me de partilhar certos segredos masculinos com seres do outro sexo, lá saquei da teoria de Bolivar dos leões e das leoas. (versão integral no capítulo "amor", Tomo II, parágrafo 1.293 e ss.):


"Os Homens, por muito que sejam atingidos pela racionalidade são no seu fundo animais. A nível de relações, obedecemos a regras de conduta claras, contudo, de duas naturezas muito distintas. Por um lado, no ocidente, as regras sociais de monogamia e do casamento (pese considerar que, perto do final do séc. XX a instituição do casamento entrará em crise, vide capítulo "casamento"). Meras regras de justificação racional para estruturação da sociedade assente no casamento como forma perfeita de união (ainda que, a meu ver, tal prisma seja falacioso tal como restante argumentação de Aristóteles nos pilares da sociedade).

Do outro lado, o lado animal do homem, o qual se encontra sempre presente em nós e que a nossa sociedade tenta reprimir, provocando consequências desastrosas como por exemplo, a violação dos "deveres conjugais" que, sei lá quem, achou que se aplicariam à fase pré-conjugal.

O facto é que a nossa programação animal visa, acima de tudo, a protecção da espécie, essa protecção é feita através de alguns mandamentos dos quais o mais forte certamente será o da procriação. Procriar é essencial à sobrevivência de qualquer espécie e o Homem não é excepção.

Divididos em Homens e Mulheres, a Humanidade é de género binário e de programações diferentes, à mulher, importa a qualidade e ao homem a quantidade.

Assim, a mulher adquire, na nossa sociedade, um papel de escolha do macho com que quer procriar, busca o melhor candidato, faz-se dificil colocando obstáculos ao homem, este, deverá ter o papel de a conquistar, ela reserva-se o direito de escolha.

Assim ficou instituido pela natureza e pela sociedade, compete ao homem perseguir a mulher e compete à mulher escolher aquele que, no seu instinto, permitirá gerar o mais forte sucessor, aquele com mais hipóteses de sobreviver no mundo. Ela é que o carregará, ela é que estará sempre na primeira linha para garantir que a próxima geração será forte e capaz de garantir a sobrevivência da espécie. (N. do T. já repararam como uma das primeiras coisas que as amigas querem saber quando uma tem um namorado novo é "o que é que ele faz?")

Contudo, o mesmo que motiva o homem a procurar superar os obstáculos colocados pela mulher é a sua matriz básica de busca de quantidade, se ela se faz difícil, é porque ele está preparado para procurá-la, se ela se faz muito difícil, ele procurará outra. Ele assim foi feito, por Deus ou pela evolução, para aumentar as hipóteses de procriação da espécie, encontrando e conquistando o maior número de fémeas possíveis. (N. do T. por outro lado eles perguntam "então e ela é boa?")

Do encontro destas duas vontades aparentemente contraditórias mas na verdade complementares, o Homem procurará gerar o maior número de sucessores com hipóteses de sucesso no mundo em que irão viver.


É assim com todos os animais, e o homem, antes de racional, é um animal.


O Amor no meio disto tudo? É mera mudança de velocidade no ritmo da fantasia."




Acho que me safei, pelo menos passei por verdadeiro idiota a quem ela não perguntou mais nada, pagámos e fomos ao concerto.


P.S. Blogónimo, vi o teu direito de resposta ao meu post anterior. Exerço aqui a minha primeira contra-resposta sem prejuízo de outras: "És um idiota!"

terça-feira, 6 de novembro de 2007




O triste fado de viver com o fado triste


ok, chega! Quem, com menos de 30 anos, dá o litro pelo fado? Pouca, mas muito pouca gente.

Claro que isso significa que tem todos os ingredientes especiais necessários a um aproveitamento manhoso televisivo. Aqui deixamos a receita para quando governar um país tão triste como o nosso:


1. Prepare o abafar de todo o fado, desde o político ao satírito incluindo o que versa sobre a vida em geral debaixo de uma ditadura de lume brando, deixe de molho vários anos, no final terá um fado que se resume a lágrimas com travo a coitadinho.


2. Tome as lágrimas com travo a coitadinho e junte esquecimento e desprezo pela cultura própria q.b., leve ao frigorifico durante trinta anos.


3. Retire do frigorifico e junte fermento, um Espanhol que faça documentários serve perfeitamente. De seguida, divida por várias formas, leia-se, salas de cinema espalhadas pelo país.


4. Leve ao forno, com o efeito do fermento verá como o orgulho Português começará a inchar.


5. Ao mesmo tempo, aproveitando o calor do forno, em programas da tarde com umas colheres de fadistas de terceira categoria e uma apresentadora meia boazona que faça um ar muito sério e sentido enquanto os fadistas cantam, bata com varinas.


6. Para obter um sabor ainda mais popular, deixe o João Baião apresentar uma entrevista com o Carlos do Carmo, ficaria lindo e a malta adorava. Re-utilize a varina até a ouvir dizer que o Carlos do Carmo: "ai esse moço é muito charmoso!"

7. Aguarde uma geração, está pronto para servir. (sugestão do chefe - para dar um sabor mais jovem, recolha um rapper de almada para contracenar de boné na cabeça)

De repente, toda a gente se lembra do fado, encheram-se programas de televisão da tarde com atentados ao fado, encheram-se os poucos fadistas que por aí andam de orgulho e reavivou-se a alma lusitana em todo o público alvo dos anúncios publicitários de TIDE.
O que não se faz, é ensinar ou cultivar o fado. Explicar a sua história e as suas características de música popular, como quase tudo por cá, em vez de se cuidar e semear, consome-se como produto televisivo de terceira categoria. Como se gosta de comprar feito, mesmo que seja mau.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007


Direito de resposta em tom de comentário ao excerto publicado dos arquivos de Bolivar

Caros colegas da Bolivar Media enterprises:


Foi com honra que aceitei participar neste blog. Kyon, para os menos atentos, vem da palavra "cão" em grego e deu origem ao termo "cinismo". "in the rye", vem do "catcher in the rye" do Salinger, de alienação e angústia. A ideia de participar convosco pareceu-me entusiasmante considerando que há muito tempo me dedico à leitura dos curioso legado escrito deixado por Fernando Bolivar.


Contudo, estranho a vossa última selecção de escritos dele. O texto é sentimental. melhor dizendo, revela que Bolivar teve sentimentos. Ultrapassados ele diz no final, e provavelmente di-lo honestamente pois a análise dele é cerebral demais quando comparado com os textos amorosos e gravações de k7's velhas que se encontram no baú do seu espólio, mesmo assim tem sentimentos.


Para mim, este blog serve para nos recordar da inutilidade dos sentimentos e do esforço na vida em qualquer momento pelo que quer que seja. É por definição e na sua essência, cínico.


Ora nada há de cínico no amor e, consequentemente, nada há de cínico na falta de amor. Aquele que não se sente apaixonado e se sente abatido, não está sequer perto de ser cínico. Cínismo é a total falta de crença na virtude humana. Aquele que se encontra magoado, encontra-se magoado com a virtude humana, ferido na sua condição humana e, consequentemente, acredita nela. Não lhe é neutro.


Ora Bolivar era um cínico, um verdadeiro cínico, Bolivar não ligava a Diógenes porque ligar a alguém seria pouco cínico. Bolivar amou? Também kiekergaard acreditou em deus quando estava às portas da morte, isso não faz com que deixe de ser visto como um profundo existencialista.


Há amor num cínico? Não. Houve amor em Bolivar? Não neste bolivar que queremos aqui recordar, nem mesmo em momentos como este. Em que ele criticou a forma humana de viver um sentimento a partir da critica de quem o viveu

terça-feira, 23 de outubro de 2007



Amor Causídico


Sim, neste blog também há espaço para falar sobre o amor. Faz parte da puta da vida e é um fertil terreno para discorrer sentimentos cáusticos. Claro que há espaço para falar sobre o amor.


No domingo fui acordado com o telefone a tocar, seria a uma da tarde e não reconheci o número. Atendi e era uma ex-namorada. Não uma qualquer, mas um daquelas que foram porcas connosco e seguiram em frente, nos cuspiram e nos fizeram ouvir Smiths durante meses a fio e nos obrigou a enterrar em noites de copos na rua com amigos tentando esquecer que nos sentimos miseráveis. Sim, uma dessas, todos temos.


Estava perto de minha casa, convida para um café enquanto espera outra coisa qualquer no plano egoísta do dia e feito parvo, ainda com sono, aceitei. Aceitamos sempre não é? Nunca nos livramos daquele sentimento misto, por um lado um desejo secreto que seja atropelada por um TIR e por outro que o acidente, embora grave, seja curável e que reconheça o facto que ficámos a dormir ao lado dela, com sorte lendo durante o coma e nos agradeça o resto da vida com amor genuíno.


bom, durante o café, recorde-se que somos os dois formados em direito, há um processo a seguir, vício profissional #1, há sempre um processo, mesmo quando é daqueles em que, ao bom estilo de kafka, nos sentimos o cão abatido sem saber porquê. Um processo lento e doloroso (vício profissional #2, o processo é sempre lento e doloroso) em que discutimos as novidades, ou melhor, não as discutimos, perguntamos as novidades não querendo saber ao certo grandes pormenor mas com ansiosidade estamos presos a cada palavra. Entra então a matéria de facto, uma narrativa de factos, (vício profissional #3, primeiro a matéria de facto, depois a matéria de direito), começa-se pelo trabalho, ou a familia, ou a conta do mecanico ou o que for, um facto trivial cai sempre bem, como se fosse a piada que inaugura o discurso (vicio profissional #4, de certa forma, há sempre uma bancada para a qual falamos). Em seguida, ela larga, em tom de bomba, "eu e o Zé continuamos bem". Ora foda-se, é aqui que se revela todo o animal jurídico dentro da pessoa. A notificação que a relação corre bem. Note-se que usa o nome de uma pessoa que nem conhecemos, mas tem de notificar, porque senão, perde-se o caso, (morre a argumentação!), ora note-se.


V dixit (não, não se chama Vanessa, ou vicki ou outra coisa qualquer, é mesmo porque nunca deixou de ser vaca): a minha irmã está bem... ... eu e o Zé também estamos bem e o meu cato morreu (a parte do "e o meu cato morreu" pode ser substituida por qualquer outra informação irrelevante), o que é fantástico é a falta de pausa. Assim, estou notificado. Há uma relação, se eu sabia dela não posso dizer que ela me escondeu o facto. Assume que me interessa saber (que lata... a dobrar porque de facto quero saber), sabe que há uma luta escondida dentro de mim para querer saber e querer não querer saber, e resolve-a, dando vitória ao lado que mais lhe interessa. toma, toma, fica a saber e a pensar nisso.


É curioso o jogo, uma dança das abelhas vestidas de toga que argumentam, antecipam a prova, ganham o caso. Indicam logo, há alguém e estamos felizes. Mas não como quem o esfrega na cara de alguém, apenas como alguém que se defende por antecipação, eu avisei. eu disse que estavamos bem. não podes dizer que não avisei. não podes dizer nada. não tens razão. sou feliz. estou com outra pessoa. não quero saber de ti. ganhei!


E como sempre, quem ganha fica com os espólios, neste caso, o Zé.


De que me serve ter ultrapassado a coisa? De nada, a batalha legal continuará sempre em recursos intermináveis, ex-relações causídicas são cansativas.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007




Não fique aí a dormir

Não, não vou fazer um grande elogio ao café Nicola, muito embora admita que é o meu café oficial do Rossio, vou-me focar em algo que certamente todos os tomadores de café deste circo em que vivemos terão notado. A campanha publicitária da Nicola.
A Nicola decidiu bombardear-nos com frases de "uma dia farei isto e aquilo..." todas ligadas à felicidade e ao aproveitar do momento. Infelizmente, parecem mais tiradas Hollywoodescas do que momentos das nossas vidas reais e, considerando que nos filmes ninguém bebe café Nicola, decidi fazer a minha própria proposta de campanha Nicola. Ora não pense que hoje o dia é o dia em que vai encher o quarto da sua mulher de flores, ninguém anda realmente a pensar quando é que vai encher o quarto da mulher se flores, sejamos honestos, hoje é o dia para:

- Um dia parto a boca ao meu chefe;

- Um dia digo que vou comprar tabaco e que volto já;

- Um dia deixo de resistir à minha secretária;

- Um dia mato a gaja;

- Um dia deixo de pagar a renda;

- Um dia contrato um Ucraniano para dar porrada no meu inquilino que não paga a renda;

- Um dia vou procurar emprego;

- Um dia vou-lhe ao cú e nem aviso, estou farto de esperar;

- Um dia vou sair de casa;

- Um dia falto ao emprego e não digo nada;

- Um dia parto o carro deste gajo à bastonada;

- Um dia afogo o puto que não pára de chorar;

terça-feira, 16 de outubro de 2007






Uma geração - Parte I



O mundo está feio, assim o dizem a boca cheia, o mundo que herdámos é desdenhado por todos. As gerações mais velhas, fazem-no com pena, mas limitada a quem sabe que este mundo é mais para nós que para eles. Nós contudo, os da nossa geração, deixamo-nos arrastar num conformismo que apenas tem uma vitima, nós que neste mundo teremos de viver. Quem me dá um carro velho dizendo que não presta, pode até ter razão, mas cabe-nos a nós restaurá-lo, não aceitar com derrotismo que nunca será um bom carro.

Discutir se a culpa dum antecipado e anunciado fracasso da nossa geração é nosso ou não, parece-me uma discussão sem grande sentido ou utilidade prática. Não só porque tal discussão será, no mínimo precoce, como o único sinal de falhanço que encontro na nossa geração é a fragilidade perante uma morte anunciada. Esquecem-se contudo que, mortes anunciadas, dão pelo menos a tranquilidade de sabermos quando e como vamos morrer e essa informação ainda ninguém nos deu.

Mortas estão gerações anteriores, mortas estão aquelas que nos deviam dar exemplos, em Portugal e não só. Poetas que cantaram alma trans-lusitana queixam-se hoje da libertinagem que ocupou o lugar que tinham idealizado para a liberdade. É verdade, mas quem falhou foram os poetas que se julgaram oráculos. Não o são, e um mundo que não é feito de poesia é um fracasso vosso, não nosso. Descansa poeta, também poeta algum alguma vez alcançou um mundo de poesia, seria a vossa morte.

Mortos estão os políticos anteriores, que em cadáveres parlamentares se transformaram, grandes revolucionários que me saíram. Daniel Cohn-Bendit, que pediste o impossível, acabaste no Parlamento Europeu a defender os verdes. À altura parecia impossível, de facto, que algum dia vendesses o teu sonho. Não te preocupes Revolucionário, não te preocupes que alguma revolução, em algum canto do mundo, será vitoriosa (mas um dia fracassará, quando deixar de ser revolução e for uma nova ordem a abater)

Mortos estão os terroristas de sonhos marxistas. Os de sorte, alguns de sorte, que outros vivem marginalizados enquanto criminosos. Piancone, um dos comandantes das Brigadas Vermelhas, foi preso este mês por roubar um banco. Não te preocupes Revolucionário, a culpa não é tua! Todos sabemos que um terrorista é um ladrão com um ideal. A ti, roubaram-te o teu ideal fazendo-te mero criminoso, roubaste-os de volta do ideal deles. (170.000 euros de ideal capitalista ao que parece).

À queda do Muro de Berlim seguiu-se este mundo, estes mascarados sob esquerda e direita que nem no alfaiate se fazem diferenciar. Todos apontam na mesma direcção na altura de fazer as calças. Foi neste mundo que crescemos, onde nos querem fazer acreditar num inimigo sem máscara vindo das Arábias. O único inimigo contudo que vemos é o do dinheiro com personalidade juridica, os Trusts, as SA, que crescem, sem realmente nos querer mal, apenas nos acarneirando e alimentando ao mesmo tempo. O pior deste mostro, não é ter sete cabeças, é não ter cabeça, é avançar cegamente e alimentando-nos enquanto nos devora. Que paradoxo que tudo isto é, mas onde raio anda a antítese desta horrível síntese?

quinta-feira, 4 de outubro de 2007


Nesta era pós euro 2004 de lugares cativos, não deixe a sua imagem de treinador de bancada por mãos alheias. Partilhando sempre o mesmo lugar de estádio, está condenado a ouvir sempre os mesmos comentários.Pois bem, Esqueça o transistor que o permite acompanhar o relato. Surpreenda, e surpreenda-se, com o nosso inovador curso de treinador de bancada. É simples, substitua os termos que usa por novos termos:

"Seus palhaços!" não é um termo técnico correcto, para além do mais insulta uma honrosa, embora quase extinta, classe profissional: "Seus artistas deste maravilhoso desporto rei que nos fazem rir tão mal que jogam que mais parecem profissionais circenses" é um termo muito mais correcto.

"O árbitro é cegueta", é um comentário clinicamente fácil, mas pouco digno de um treinador de bancada como pretende ser, tente antes "Este senhor claramente foi fruto de uma nomeação dentro do sistema cegueta". Pode também completar com: "já nos roubou no jogo com o Beira-mar na época 1992-93". Claro que não se lembra do jogo, mas também mais ninguém se lembra.

"Passa essa merda, pá!" essa famosa expressão, a usar várias vezes durante o jogo. Deve ser alterada para "joguem em colectivo, criando espaços e aproveitando as diagonais, pá!".

"vocês não jogam um caralho" (porquê pensar que um treinador de bancada não tem direito a flash interview a caminho do carro após o jogo?), todos se espantarão com "foi um jogo menos conseguido e não têm continuado a trabalhar, caralho!".

"cambada de chulos", é claramente uma expressão que um profissional de futebol como pretende fingir ser não poderá usar, tente "cambada de seus jogadores de rendimento inferior ao previsto nos vossos bem negociados contratos de trabalho, chulos!"

"chuta, foda-se, chuta" linguagem bárbara a qual, admita, não está ao nível do seu fato domingueiro para almoçar no colombo e acompanhar a partida na nova luz. Deve usar: "façam uso da vossa meia-distância aprobveitando a fraca pressão da defesa oposta, foda-se".

Finalmente, quando visar o árbitro e sentir uma vontade incontrolável de gritar: "mata a tua mãe e faz arroz de puta, meu cabrão", lembrem-se do vossos estatuto de sério treinador de bancada e simplesmente exclamem: "Deixe de nos prejudicar sucessivamente só porque... ah! que se lixe, diga mesmo como ela é, não há pose possível de perder quando se está num estádio de futebol!"

terça-feira, 2 de outubro de 2007



A política em regime self-service


Filipe Menezes foi eleito. O que segundo Marques Mendes quer dizer que as eleições não foram justas e honestas. Mais importante contudo que a opinião do rato sobre o gato é que sei que estou longe de levar o Marques Mendes a sério. Muito provavelmente, é o facto da vox populi nunca ter levado Marques Mendes a sério que fez com que, no seu próprio partido, fosse deposto internamente.


Grave para o PSD não será estar lá o gato ou o rato, nem o facto do gato ter incumprido, em praticamente todos os anos de mandato na sua autarquia (república independente de Gaia da qual foi soberano ditador), com os limites de envididamento da autarquia (até porque isso passou impune), o que é realmente grave é as previsões de derrota nas próximas eleições, mas, mais grave mesmo que tudo o resto, é a forma como estas eleições foram conduzidas, nada mais nada menos do que num autêntico lamaçal de acusações.


A quem não tenha ainda notado, a política portuguesa, e não só o PSD, está entregue a distintos espécimens que fazem inveja ao elenco da obra de George Orwell sobre o seu triunfo. A quem não tenha notado, a vida política é vista hoje em dia como uma forma fácil, não de servir as pessoas mas de cada um se servir a si. Mais se pode dizer que, a quem não tenha notado, se informa que a mentalidade self-service está presente em todos os estratos dos partidos políticos e isso nota-se, nota-se muito bem nos seus comícios, nas suas guerras e comezinhas discussões.


Não é de hoje que a sociedade olha para as máquinas partidárias com um sentimento de desconfiança. Não existe nas pessoas desfazadas da política em Portugal uma compreensão das punhaladas, intrigas e lutas que existem nos núcleos partidários, procurando-se um lugar ao sol a todo o esforço. Não é possível, hoje em dia, esperar, ou sequer exigir, uma limpeza moral nos partidos políticos portugueses entregues a uma organização interna de vandalismo e vassalagem a pessoas que pensam que, com um fato vestinho, tudo encobrem. Hoje, esperava apenas um pouco de "encobrimento" do que se passa.


Sim, escrevo-o a letras claras para que não reste dúvida. Hoje, com os que se sentam no poder, já só lhes pedia que tentassem, (nem que conseguissem, mas que tentassem) encobrir a sujidade em que se rebolam. É que eu não sou político, sou independente, e por isso, aquilo a que se sujeitam nas suas máquinas partidárias, em nada me tocam. Mas quando tudo isso fica exposto na mesma sociedade em que todos os dias me esforço por fazer a minha vida e tentam encobri-lo de forma tão fraca, já sinto que me estão a tratar como estúpido.


Como dizia a amiga da Mafaldinha nos livros do Quino, devidamente adaptada a este post, eu não quero justiça social para os pobres, basta que os escondam.



Manual de esperteza: prólogo



Alguma vez quis saber tudo? alguma vez pensou que aquele gajo no café que fala imenso é genial? Pois saiba a verdade, ele apenas sabe fingir que sabe de tudo e não sabe de nada.

Está cientificamente provado que quem finge saber tudo tem mais hipóteses de engatar do que quem admite com humildade ser a pessoa que é. Também está provado que há mais hipóteses de ser um perfeito anormal, mas isso não faz mal nenhum, pois está em Portugal.

Convencido? Aplique então os seguintes princípio e será também um verdadeiro português, ou seja, um perfeito anormal que finge saber tudo:



1. Faça a sua própria página na Wikipedia, invente-se, passe-se por mais esperto do que realmente é;



2. Use abreviações e muitas iniciais. "Aquele tipo, o J.P., não é um perfeito anormal, é um P.A.";



3. Invente um título académico. A sério, não faz mal, o nosso primeiro-ministro ensina como (e nem preciso dizer como a wikipedia trata bem o Sócrates, qualquer um deles);



4. Fale com segurança e certeza. Em vez de projectar a voz do tórax como se crê que se deve fazer, projecte-a dos tomates. Esteja sempre um passo à frente dos outros. 9 em cada 10 vezes falar mais e por cima dos outros não é visto como má criação (embora seja), mas como firme convicção;



5. Invente coisas. Não tenha medo de ser apanhado. Se for, invente mais um detalhe importante "um pouco obscuro e que ninguém na verdade sabia", será uma espiral de inteligência aos olhos dos outros;



6. Invente um tema secreto sobre o qual sabe muito. O Dan Brown inventou um e só ele sabe falar do Código da Vinci. Se alguém tentar questionar ou mostrar conhecimentos semelhantes, é porque faz parte da cabala, seja acusativo perante tal ameaça;



7. Cite autoridades inquestionáveis, "sei-o porque Deus me disse". Ele é uma autoridade sempre dificil de contestar;



8. Crie o hábito de lançar nomes na mesa: "Estive com o próprio Manuel Amaro Cunha e Silva sabes? Ele disse-me que..." ou, para maior eficácia na sua auto-promoção, use-os casualmente em conversação: "ontem fui jantar com o Pedro Menezes, o Tiago Amaro e o João Costa e à saída...";



9. Para extrapolar ainda mais o ponto anterior, um dos nomes inventados deve ser pretencioso, contudo ridiculo: "Não, a Mariana Mata Nobres, essa mesmo". Vai causar um orgasmo de emoção e respeito no seu público idiota;

10. Fale em montes no Alentejo, não só porque é "bem" ter um como é sinal de inteligência encontrar um monte numa lezíria plana;

11. A sua filha não é professora de filosofia sem colocação, é filósofa;

12. Mude de telemóvel de 3 em 3 anos e carro de 2 em 2 anos, não tem realmente que dizer nada, mas em Portugal faz de si uma autoridade.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007


Legal é ter mais votos


Que os nossos políticos são uma piada, é uma verdade que todos sabemos mas não faz ninguém rir. Que o líder da oposição é infeliz, é outra verdade que na verdade não incomoda ninguém. Que os jornais publicam tudo sem pensar, é a justificação perfeita para só lermos os cabeçalhos no quiosque e não comprarmos o jornal (sempre achei maravilhoso como qualquer português se sente legitimado a consumir os cabeçalhos expostos no quiosque e não comprar o jornal).

Hoje, o meu título de jornal de eleição pertence ao "Diário de Noticias", acho eu, ou a'"o Público", (que é que interessa?). É uma citação de Marques Mendes dizendo: "Se perder as eleições [referindo-se às eleições internas do PSD], impugnarei judicialmente os resultados".

Acho maravilhoso como uma frase consegue ser tão idiota [e, como sempre, maravilhoso ninguém se aperceber e a publicar como titulo em letras garrafais].

Ora vejamos em termos simplistas o quão idiota é a posição do Marques Mendes:

Como certamente todos sabem, o papel dos tribunais é aferir da legalidade de algo. Logo, a competência dos mesmos resume-se a indicar se as eleições foram feridas de legalidade ou não.

Se o Marques Mendes colocar as eleições em tribunal é então porque as considera viciadas.

O que é cavalar, é o facto de que Marques Mendes apenas considera que as eleições são ilegais se as perder. Ou seja, se for eleito, não lhe importa minimamente se as eleições foram ilegais, aliás, até defenderá que foram legais sem qualquer recordação do dito semanas antes para todo o país através dos jornais. Viverá com a ilegalidade e sorrirá sem sentir qualquer mancha na sua nomeação, contudo, se perder, ou seja, se o Filipe Menezes tiver mais votos do que ele, (pois isso é perder as eleições, ter menos votos que o adversário), então impugnará a legalidade das mesmas.

Por decência, terá de invocar em tribunal: "as eleições foram ilegais pois o Filipe Menezes foi mais votado do que eu".


P.S. Parafraseando Filipe Menezes em pleno Congresso do PSD há poucos anos, são é todos uns "elitistas, sulistas e separatistas".

quarta-feira, 26 de setembro de 2007




Portugal começa na capital


Segundo o jornal "Público" hoje, o sindicato de trabalhadores do município de Lisboa teme um despedimento em massa de funcionários da câmara municipal através da redução de 30% dos funcionários avençados. A noticia é confusa, mas também não faz mal, a câmara municipal de Lisboa também o é.


Seguindo a notícia com zeloso interesse, fingindo que informação é sempre útil e vital para acompanhar o fato e a gravata no processo de "acinzentação" (para não dizer outra coisa...) completo, acusa o sindicato a CML de ser uma decisão baseada em "um aspecto financeiro que prevalece".


Pois.


...brilhante...

um gestor que toma uma decisão baseado num aspecto financeiro.


Que crítica...

...

...que perspicácia sindical...


Isto certamente salvará o emprego a toda aquela gente.


Depois há mais, a meio da noticia diz-se que são trabalhadores a recibos verdes. São portanto, prestadores de serviços, logo não são despedidos. São pessoas que verão a sua prestação de serviços terminada.


Mas deixando de lado esses pormenores, o que o artigo tem escrito de cima a baixo é cansaço.


O cansaço do jornalista, que cita o sindicato, cita a oposição, não comenta sequer a falta de citação da CML (será porque não quiseram responder ou porque não perguntaram?). A forma mecânica como a noticia é apresentada, sem qualquer interesse de quem tem escrito sobre despedimentos todos os dias.

O cansaço do sindicato, sem realmente protestar com qualquer pertinência

O cansaço da oposição, Carmona Rodrigues a contestar a falta de verbas para investimento por culpa da derrapagem orçamental (hello? quem é que acabou de sair do posto?)

O cansaço de quem comenta. Achando muito bem o excesso de funcionários na câmara. (sem se saber quantos funcionários há na câmara, de imediato salta a acusação do excesso de funcionários na função pública e como eles são malvados e como tudo é horrível).


Finalmente, o cansaço de quem lê a notícia que, a meio, já adivinha o fim.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007


Bem vindo a Lisboa, capital de Portugal. Ao país do Atum bom petisco, dos miticos rebuçados do Dr. Bayard, da água das Pedras e da ainda melhor água vidago. Bem vindo a um sítio onde na verdade nada faz sentido, mas todos entendemos como funciona. Onde o preço da gasolina e dos impostos chegou a um ponto em que fica mais barato andar de taxi do que ter carro próprio. Ao local onde trabalhar muito é ser estúpido e, na verdade, é mesmo pois tudo é tão dificil. Ao vale do queixume, às poses pretenciosas que tentam ocultar um rendimento de 1000 euros ao mês.
Bem vindo ao lux, porque não há mais discoteca alguma.
Bem vindo ao galeto (depressa, aproveitem antes que os malvados da ASAE voltem a fechar aquilo).
Bem vindo à bica e ao maço de tabaco pedidos ao balcão.
Bem vindo ao falar de boca cheia uma cambada de asneiras. Ninguém liga de qualquer maneira.
Bem vindo ao ser-se português. Onde escrever a conspiração de estupidos seria rotulado como obra auto-biográfica.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007



back to Portugal

banda sonora: 16 Horsepower - Sinnerman




o dutchman where will you run to

dutchman where will you run to

dutchman where will you run to



all on that day

run to the mountain



the mountain wont hide you



run to the sea

the sea will not have you



and run to your grave

your grave will not hold you



all on that day