quinta-feira, 27 de setembro de 2007


Legal é ter mais votos


Que os nossos políticos são uma piada, é uma verdade que todos sabemos mas não faz ninguém rir. Que o líder da oposição é infeliz, é outra verdade que na verdade não incomoda ninguém. Que os jornais publicam tudo sem pensar, é a justificação perfeita para só lermos os cabeçalhos no quiosque e não comprarmos o jornal (sempre achei maravilhoso como qualquer português se sente legitimado a consumir os cabeçalhos expostos no quiosque e não comprar o jornal).

Hoje, o meu título de jornal de eleição pertence ao "Diário de Noticias", acho eu, ou a'"o Público", (que é que interessa?). É uma citação de Marques Mendes dizendo: "Se perder as eleições [referindo-se às eleições internas do PSD], impugnarei judicialmente os resultados".

Acho maravilhoso como uma frase consegue ser tão idiota [e, como sempre, maravilhoso ninguém se aperceber e a publicar como titulo em letras garrafais].

Ora vejamos em termos simplistas o quão idiota é a posição do Marques Mendes:

Como certamente todos sabem, o papel dos tribunais é aferir da legalidade de algo. Logo, a competência dos mesmos resume-se a indicar se as eleições foram feridas de legalidade ou não.

Se o Marques Mendes colocar as eleições em tribunal é então porque as considera viciadas.

O que é cavalar, é o facto de que Marques Mendes apenas considera que as eleições são ilegais se as perder. Ou seja, se for eleito, não lhe importa minimamente se as eleições foram ilegais, aliás, até defenderá que foram legais sem qualquer recordação do dito semanas antes para todo o país através dos jornais. Viverá com a ilegalidade e sorrirá sem sentir qualquer mancha na sua nomeação, contudo, se perder, ou seja, se o Filipe Menezes tiver mais votos do que ele, (pois isso é perder as eleições, ter menos votos que o adversário), então impugnará a legalidade das mesmas.

Por decência, terá de invocar em tribunal: "as eleições foram ilegais pois o Filipe Menezes foi mais votado do que eu".


P.S. Parafraseando Filipe Menezes em pleno Congresso do PSD há poucos anos, são é todos uns "elitistas, sulistas e separatistas".

quarta-feira, 26 de setembro de 2007




Portugal começa na capital


Segundo o jornal "Público" hoje, o sindicato de trabalhadores do município de Lisboa teme um despedimento em massa de funcionários da câmara municipal através da redução de 30% dos funcionários avençados. A noticia é confusa, mas também não faz mal, a câmara municipal de Lisboa também o é.


Seguindo a notícia com zeloso interesse, fingindo que informação é sempre útil e vital para acompanhar o fato e a gravata no processo de "acinzentação" (para não dizer outra coisa...) completo, acusa o sindicato a CML de ser uma decisão baseada em "um aspecto financeiro que prevalece".


Pois.


...brilhante...

um gestor que toma uma decisão baseado num aspecto financeiro.


Que crítica...

...

...que perspicácia sindical...


Isto certamente salvará o emprego a toda aquela gente.


Depois há mais, a meio da noticia diz-se que são trabalhadores a recibos verdes. São portanto, prestadores de serviços, logo não são despedidos. São pessoas que verão a sua prestação de serviços terminada.


Mas deixando de lado esses pormenores, o que o artigo tem escrito de cima a baixo é cansaço.


O cansaço do jornalista, que cita o sindicato, cita a oposição, não comenta sequer a falta de citação da CML (será porque não quiseram responder ou porque não perguntaram?). A forma mecânica como a noticia é apresentada, sem qualquer interesse de quem tem escrito sobre despedimentos todos os dias.

O cansaço do sindicato, sem realmente protestar com qualquer pertinência

O cansaço da oposição, Carmona Rodrigues a contestar a falta de verbas para investimento por culpa da derrapagem orçamental (hello? quem é que acabou de sair do posto?)

O cansaço de quem comenta. Achando muito bem o excesso de funcionários na câmara. (sem se saber quantos funcionários há na câmara, de imediato salta a acusação do excesso de funcionários na função pública e como eles são malvados e como tudo é horrível).


Finalmente, o cansaço de quem lê a notícia que, a meio, já adivinha o fim.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007


Bem vindo a Lisboa, capital de Portugal. Ao país do Atum bom petisco, dos miticos rebuçados do Dr. Bayard, da água das Pedras e da ainda melhor água vidago. Bem vindo a um sítio onde na verdade nada faz sentido, mas todos entendemos como funciona. Onde o preço da gasolina e dos impostos chegou a um ponto em que fica mais barato andar de taxi do que ter carro próprio. Ao local onde trabalhar muito é ser estúpido e, na verdade, é mesmo pois tudo é tão dificil. Ao vale do queixume, às poses pretenciosas que tentam ocultar um rendimento de 1000 euros ao mês.
Bem vindo ao lux, porque não há mais discoteca alguma.
Bem vindo ao galeto (depressa, aproveitem antes que os malvados da ASAE voltem a fechar aquilo).
Bem vindo à bica e ao maço de tabaco pedidos ao balcão.
Bem vindo ao falar de boca cheia uma cambada de asneiras. Ninguém liga de qualquer maneira.
Bem vindo ao ser-se português. Onde escrever a conspiração de estupidos seria rotulado como obra auto-biográfica.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007



back to Portugal

banda sonora: 16 Horsepower - Sinnerman




o dutchman where will you run to

dutchman where will you run to

dutchman where will you run to



all on that day

run to the mountain



the mountain wont hide you



run to the sea

the sea will not have you



and run to your grave

your grave will not hold you



all on that day