segunda-feira, 17 de novembro de 2008



Talvez um imposto sobre a pobreza?

A última solução em forja para resolver a crise tem sido maravilhosa de assistir, é deixar os pobres arcar com a irresponsabilidade dos ricos.
Depois de anos de políticas de combate ao défice, defendendo o modelo liberal até à medula, eis a consequência, bancos que vão à falência por culpa de gestores irresponsáveis que só mantiveram zelo nas suas próprias contas. O que faz o estado? Nacionaliza.

Excelente, é óptimo saber que é função do estado avalizar operações financeiras que o próprio não sabe (ou pelo número significativo de idas ao Parlamento pelos senhores envolvidos no BPN que foram recusadas nos últimos tempos) que não quer admitir que não sabe, com "nacionalizações" de regime jurídico próprio (Lei 62-A/2008) e perdões de falência.

NÃo, não vou embarcar em teorias justificativas do sub-prime, mas não preciso, em criança jogava monopólio e quando ficava sem dinheiro por causa daquele hotel na rua do Ouro que irresponsávelmente tinha comprado na volta anterior, lerpava. Há coisas simples.

Desculpem-me, mas embarcar numa politica estadual liberal, onde não existe défice público por sacrifício da saúde, educação e investimentos estatais não significa abraçar a falência daqueles que se comportam de forma irresponsável ou com insuficiente agilidade? as constantemente referidas "operações ilícitas" não devem dar lugar a responsabilização criminal daqueles que mandam? Custa-me a crer que a nacionalização seja a melhor forma de proteger aqueles que no...BPN confiaram.

O aval do estado funciona sempre, a ironia é que não funciona porque tem um grupo de gestores seguros e competentes à frente de cadastro financeiro imaculado, funciona porque tem uma cambada de papalvos que não têm mais remédio do que pagar mensalmente uma parte substancial dos seus rendimentos. Se calhar, deviamos criar um imposto específico mensal, um imposto dos pobres para conforto dos ricos, uma pequena bolsa de investimentos era criada para eles brincarem, sem riscos de se magoar, sem riscos de acabar a dormir na rua, porque essa parte do capitalismo, a que doi a todos sem excepção, é feia demais para imaginar.

O que é maravilhoso neste conto de fadas é que, e no mundo inteiro, após anos de irresponsabilidades de gestão de senhores com salários inúmeras vezes superiores ao salário médio nacional, é o estado que tem de intervir para os salvar.

Cá por mim, achava mais útil gastar o dinheiro em camas no IPO ou talvez em tentar segurar a segurança social e deixar estes senhores cair, sei lá, talvez por uma questão de prioridades orçamentais. O governo sempre anuncia que todos os Portugueses devem "aguentar o esforço da contenção estatal", o problema é sempre o mesmo, nunca especificam que o esforço é para alguns.