A política em regime self-service
Filipe Menezes foi eleito. O que segundo Marques Mendes quer dizer que as eleições não foram justas e honestas. Mais importante contudo que a opinião do rato sobre o gato é que sei que estou longe de levar o Marques Mendes a sério. Muito provavelmente, é o facto da vox populi nunca ter levado Marques Mendes a sério que fez com que, no seu próprio partido, fosse deposto internamente.
Grave para o PSD não será estar lá o gato ou o rato, nem o facto do gato ter incumprido, em praticamente todos os anos de mandato na sua autarquia (república independente de Gaia da qual foi soberano ditador), com os limites de envididamento da autarquia (até porque isso passou impune), o que é realmente grave é as previsões de derrota nas próximas eleições, mas, mais grave mesmo que tudo o resto, é a forma como estas eleições foram conduzidas, nada mais nada menos do que num autêntico lamaçal de acusações.
A quem não tenha ainda notado, a política portuguesa, e não só o PSD, está entregue a distintos espécimens que fazem inveja ao elenco da obra de George Orwell sobre o seu triunfo. A quem não tenha notado, a vida política é vista hoje em dia como uma forma fácil, não de servir as pessoas mas de cada um se servir a si. Mais se pode dizer que, a quem não tenha notado, se informa que a mentalidade self-service está presente em todos os estratos dos partidos políticos e isso nota-se, nota-se muito bem nos seus comícios, nas suas guerras e comezinhas discussões.
Não é de hoje que a sociedade olha para as máquinas partidárias com um sentimento de desconfiança. Não existe nas pessoas desfazadas da política em Portugal uma compreensão das punhaladas, intrigas e lutas que existem nos núcleos partidários, procurando-se um lugar ao sol a todo o esforço. Não é possível, hoje em dia, esperar, ou sequer exigir, uma limpeza moral nos partidos políticos portugueses entregues a uma organização interna de vandalismo e vassalagem a pessoas que pensam que, com um fato vestinho, tudo encobrem. Hoje, esperava apenas um pouco de "encobrimento" do que se passa.
Sim, escrevo-o a letras claras para que não reste dúvida. Hoje, com os que se sentam no poder, já só lhes pedia que tentassem, (nem que conseguissem, mas que tentassem) encobrir a sujidade em que se rebolam. É que eu não sou político, sou independente, e por isso, aquilo a que se sujeitam nas suas máquinas partidárias, em nada me tocam. Mas quando tudo isso fica exposto na mesma sociedade em que todos os dias me esforço por fazer a minha vida e tentam encobri-lo de forma tão fraca, já sinto que me estão a tratar como estúpido.
Como dizia a amiga da Mafaldinha nos livros do Quino, devidamente adaptada a este post, eu não quero justiça social para os pobres, basta que os escondam.
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