quarta-feira, 15 de abril de 2009




A mania das apostas? Não sei... vem de lá de trás, do tempo em que era um mero átomo. Lembro-me bem por acaso, que com a idade o mais recente é difícil de lembrar, mas a meninice fica mais presente.
Eram épocas conturbadas, a contínua expansão da matéria que na altura nem nome de matéria tinha, deixava-nos todos muito confusos, então começámos a pensar o que ia acontecer, tentar antecipar os movimentos "ali...bom, ali é capaz de aparecer uma Supernova, naquele espaço vazio". Não tínhamos medo, éramos jovens e tínhamos todo o tempo do mundo, aliás, cada vez tínhamos mais tempo pois o tempo estava a expandir em conjunto com a matéria. O universo, sabem, é uma máquina perfeita em funcionamento, e depois de apanharmos o ritmo, conseguimos prever mais ou menos como tudo vai acontecer. Modéstia à parte, eu era bem bom naquele jogo, devia ter nascido relojoeiro.

Ora, eu calculo que Carlos Magno vai ser coroado no ano de 800 disse eu, alguém quer desafiar? - para espanto de todos à minha volta - e então alguém disse "nada disso, ele morrerá antes, a tentar conquistar a saxónia". De repente, sentimos todos algo pela espinha abaixo, tinhamos inventado uma coisa nova. Foi assim, uma excitação que durou vários milhares de anos breve, portanto, mas que foi depois sedimentando-se como hábito.

Hoje já não faço apostas, desde que falhei o vencedor da final do mundial de futebol de 1966, ainda assim, arrecadei uma colecção séria de berlindes (sempre apostámos berlindes, não tinhamos mais nada para apostar), nesse dia, em Wembley, estava seguro que ia ganhar mais uma aposta, nem suspeitava que seria a última, mas quando vi a Inglaterra levantar a taça... fartei-me da matéria, larguei o jogo e, claro está, apanhei o autocarro para casa.

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