terça-feira, 6 de novembro de 2007




O triste fado de viver com o fado triste


ok, chega! Quem, com menos de 30 anos, dá o litro pelo fado? Pouca, mas muito pouca gente.

Claro que isso significa que tem todos os ingredientes especiais necessários a um aproveitamento manhoso televisivo. Aqui deixamos a receita para quando governar um país tão triste como o nosso:


1. Prepare o abafar de todo o fado, desde o político ao satírito incluindo o que versa sobre a vida em geral debaixo de uma ditadura de lume brando, deixe de molho vários anos, no final terá um fado que se resume a lágrimas com travo a coitadinho.


2. Tome as lágrimas com travo a coitadinho e junte esquecimento e desprezo pela cultura própria q.b., leve ao frigorifico durante trinta anos.


3. Retire do frigorifico e junte fermento, um Espanhol que faça documentários serve perfeitamente. De seguida, divida por várias formas, leia-se, salas de cinema espalhadas pelo país.


4. Leve ao forno, com o efeito do fermento verá como o orgulho Português começará a inchar.


5. Ao mesmo tempo, aproveitando o calor do forno, em programas da tarde com umas colheres de fadistas de terceira categoria e uma apresentadora meia boazona que faça um ar muito sério e sentido enquanto os fadistas cantam, bata com varinas.


6. Para obter um sabor ainda mais popular, deixe o João Baião apresentar uma entrevista com o Carlos do Carmo, ficaria lindo e a malta adorava. Re-utilize a varina até a ouvir dizer que o Carlos do Carmo: "ai esse moço é muito charmoso!"

7. Aguarde uma geração, está pronto para servir. (sugestão do chefe - para dar um sabor mais jovem, recolha um rapper de almada para contracenar de boné na cabeça)

De repente, toda a gente se lembra do fado, encheram-se programas de televisão da tarde com atentados ao fado, encheram-se os poucos fadistas que por aí andam de orgulho e reavivou-se a alma lusitana em todo o público alvo dos anúncios publicitários de TIDE.
O que não se faz, é ensinar ou cultivar o fado. Explicar a sua história e as suas características de música popular, como quase tudo por cá, em vez de se cuidar e semear, consome-se como produto televisivo de terceira categoria. Como se gosta de comprar feito, mesmo que seja mau.

1 comentário:

o bardo disse...

pois...mas o fado? já chega! lamento para aqui, lamento para acolá..e depois temos sempre os mesmos agro-betos a cantá-lo ou então o pessoal da esquerda façonnable numa estúpida tentiva de reciclar o fado e a sua imagem...sim e até esteve associado ao anarco sindicalismo e tal...ainda assim...desculpem, mas não gosto mesmo!